REAÇÃO NAS OLIMPÍADAS – DESISTIR? JAMAIS

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REAÇÃO NAS OLIMPÍADAS – DESISTIR? JAMAIS

Segundo dados de 2020 da Agência da ONU para Refugiados, ultrapassou os 80 milhões o número de pessoas que deixaram suas casas à força, seja por perseguições, conflitos ou outros motivos relacionados. Para se ter noção, é quase o dobro se comparado às pesquisas de dez anos atrás e, infelizmente, a tendência é de aumento. 

Vale destacar que a mudança de um país para o outro é repleta de obstáculos, sobretudo quando não é algo planejado e a situação é de vulnerabilidade. Se adaptar à nova realidade exige muita persistência, boa vontade e, principalmente, poder de superação. Foi o caso do congolês Popole Misenga, que, antes de se tornar um atleta olímpico do Reação, ultrapassou uma série de barreiras em uma verdadeira história de sobrevivência.

Entre 1998 e 2003, uma guerra civil matou cerca de dois milhões de pessoas no Congo e Popole precisou sair às pressas de Bukavu em busca de refúgio, deixando para trás sua irmã e a sua mãe. Abandonado em Kinshasa, capital do país, virou menino de rua e se interessou pelo judô através de uma ONG. Como ele próprio diz, tratava-se de uma oportunidade de garantir uma boa educação pelo esporte.

Se a educação já não fosse o bastante, o talento logo foi reconhecido e a brincadeira começou a ficar mais séria. Se tornou campeão do Congo, foi medalhista na África e passou a viajar com frequência para competir. Em uma dessas viagens, veio para o Brasil disputar a Copa do Mundo e acabou sendo abandonado pelo seu treinador.

Sem ter o que comer e muito menos onde se hospedar, ficou do lado de fora do Maracanã um dia e uma noite até ser levado por africanos ao Caritas (Caritas Arquidiocesana). Embora já se encontrasse em uma situação mais favorável, ainda faltava o toque final para voltar a fazer o que amava. Ao saber da história de Popole, Flávio Canto não só doou o seu kimono, como convidou o atleta para o Reação e pediu para que o lendário treinador Geraldo Bernardes cuidasse com carinho.

Para quem não sabe, além de ter sido técnico de Flávio Canto, Geraldo conquistou nada menos que seis medalhas olímpicas e nove mundiais como técnico da seleção de judô entre 1979 e 2000. A dupla não demorou a se entrosar e o talento vem sendo lapidado diariamente. Não por acaso, Popole está classificado para a sua segunda Olimpíadas representando a delegação dos refugiados.

De acordo com Geraldo, mais do que um bom atleta, o objetivo é torná-lo cada vez mais uma pessoa socialmente aceita e inserida. Para nós, do Reação, é motivo de muito orgulho tê-lo por aqui e não faltará torcida durante os Jogos Olímpicos de Tóquio!

Pra cima deles, Popole!

 



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