31 maio Refugiados no esporte – Histórias de Reação
O envolvimento dos refugiados no esporte ganhou atenção significativa nos últimos anos. A prática esportiva pode fornecer uma série de benefícios físicos, psicológicos e sociais, podendo desempenhar um papel crucial na integração dos refugiados. O time de refugiados do Reação é um exemplo disso.
A crise de deslocamento
A crise do deslocamento tem sido uma preocupação significativa por muitos anos no mundo todo, e sua escala e complexidade continuam a evoluir. Suas causas podem variar, mas geralmente incluem conflitos armados, como guerras civis ou conflitos étnicos, abusos dos direitos humanos, instabilidade política e desastres ambientais. Essas circunstâncias obrigam indivíduos e famílias a deixarem suas casas em busca de segurança e de uma vida melhor.
O impacto da crise de deslocamento de refugiados se estende além das preocupações humanitárias imediatas. Afeta a dinâmica social, econômica e política tanto nos países de origem quanto nos países que os acolhem. A integração dos refugiados nas comunidades anfitriãs, o acesso à educação e ao emprego e soluções de longo prazo para o reassentamento sustentável são desafios constantes, que requerem cooperação, compaixão e estratégias para fornecer assistência, proteger seus direitos e trabalhar para resolver as causas subjacentes de seu deslocamento.
Esporte como ferramenta de integração social
O esporte pode desempenhar um papel crucial na facilitação da integração social. Além de oferecer um terreno comum onde possam interagir de igual para igual, superando barreiras linguísticas e culturais, sua prática pode ajudar a desenvolver um sentimento de pertencimento e comunidade, em especial para refugiados.
Ao ingressar em equipes esportivas, eles se tornam parte de um ambiente de apoio onde podem fazer amigos, construir redes sociais e se sentir aceitos e valorizados. Não podendo esquecer também da importância da atividade física regular, que ajuda a aliviar o estresse, melhorar a saúde mental e fornecer uma saída positiva para sua energia, contribuindo para um processo de integração mais suave.
Por meio do esporte, os refugiados podem desenvolver habilidades valiosas, como trabalho em equipe, comunicação, liderança e disciplina. A aquisição destas competências não só potencia as suas capacidades atléticas como também aumenta a sua autoconfiança, o que se pode traduzir noutros aspetos da vida.
O Time de Refugiados do Reação
Popole Misenga (24 anos) e Yolande Mabika (28 anos), membros do Time de Refugiados do Reação, fazem parte hoje do Time Olímpico de Refugiados do Brasil. Eles nasceram na República Democrática do Congo, na África e quando crianças fugiram dos ataques da época pela guerra no país, e como consequência, perderam contato com a família. A partir disso, cresceram em campos de refugiados e passaram por episódios desafiadores, sofrendo muitos maus tratos.
Apesar de terem um passado muito conturbado, aprenderam a lutar judô e se tornaram faixas pretas. Ambos chegaram ao Rio de Janeiro em 2013, para participar do Campeonato Mundial de Judô, porém foram abandonados pelos seus técnicos sem comida e documentos e acabaram deixando a competição e abandonando a comitiva.
A Instituição Cáritas os resgatou das ruas e proporcionou esse lindo encontro com o Reação em 2015. Os atletas resgataram seu amor pelo tatame e voltaram com tudo abraçados pela sua nova família.
Felizmente, em 2016 foram escolhidos pelo Comitê Olímpico Internacional para fazer parte do primeiro Time de Refugiados da história dos Jogos Olímpicos, cada um em sua categoria. Eles seguem treinando no Reação e competindo com toda raça que tiveram sua vida toda, mas dessa vez, abraçados!
A importância de Geraldo Bernardes
Conhecido como o “pai” dos refugiados no judô, Geraldo Bernardes, de 73 anos e com uma longa carreira pelo esporte, diz ter ganho “medalha de ouro social” ao ter visto Popole Misenga e Yolande Mabika no tatame.
Geraldo desempenhou um papel realmente de pai para ambos. Seu antigo técnico os abandonou no hotel e os deixou sem passaportes e completamente desamparados. E foi aí o encontro predestinado dos dois com Geraldo: em um momento de extrema fragilidade veio ele para acolher, amparar e reerguer.
O técnico disse que eles chegaram sem kimono, e sem nem saber o básico do esporte. Assim, ele os ensinou desde as regras básicas até o desempenho olímpico. Chamado não somente para treiná-los para as Olimpíadas, Geraldo Bernardes recebeu o Troféu COI pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) em 2018, honrosa e merecidamente.
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